Certa vez me disseram que eu era um 'bicho solto' . Na hora, sem pensar muito, ri. Depois a imagem de um cavalo solto no campo não me saía da cabeça. Era exatamente essa a descrição do 'bicho solto': um cavalo, livre. Sol, água, campo como únicos companheiros. Sem destino. Sem cela. Crinas ao vento. Cheiro de mato. Livre. Não precisou muito tempo para eu começar a viajar. Na ocasião em que foi dito, aquilo fazia sentido. Em partes . Esqueceram que todo animal é domesticável. Você primeiro oferece uma maçã, uma cenoura. Aquele bicho no começo arredio e desconfiado, que pegava o alimento e ia embora, começa a demorar mais, perto de você. Depois começa a pegar confiança, sabe que você não fará mal a ele. Até que você acaricia a sua crina, faz carinho entre os olhos. O cavalo deixa. Passa mais um tempo e ele começa a esperar aquele carinho, aquela maçã. Se torna rotina. Ele sabe que você vem. Ele sabe que é bom. Quando te vê, chega perto da cerca. Faz graça. Você acha bon